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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nada além disso

Rio o teu riso e nele mergulho tão profundo que por vezes sou âncora pra ali ficar, submerso no mundo novo que sai da sua boca. Volto do fundo e pela pressão do arranque ou tipo de empurrão místico, caio no labirinto imerso em cores que não sei quais nem mesmo que nomes têm, mas sei que são suas as cores. O vermelho fosco percorrendo os corredores estreitos e tortuosos, veias pulsando forte, mais forte e o que fica pra trás agora é quase inatingível.
Volto à tona, escorro em torno dos pés, pálido e frio, medo de não saber quem eu era antes de puxar essa cadeira e querer ouvir como foi o seu dia, a loira que esbarrou em você na entrada da padaria e não se desculpou, o café fumegante - "Não entendo como podem vender cafés tão quentes em copos plásticos. Não tem sentido!" - e a cadeira giratoria do escritorio que anda fazendo um barulho chato toda vez que troca a posição, crec-crec, deve precisar de oleo ou sei lá o quê, e eu? Sentado à sua frente, diluido em palavras baratas entre algumas cervejas, o que eu sou? Afundo.
Você não para de falar e isso agora soa como ameaça. Hipnotizador de serpentes, sabe a hora exata de usar aquela palavra ou o sorriso fechado e tímido que me faz permanecer nesse estado eterno de encantamento, despretencioso e vulgar. Me puxa de volta pro fundo e eu... eu me entrego.
Ainda feito âncora, permaneço submerso, eu, que nada sei além disso.

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