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domingo, 5 de julho de 2009

Bicicleta

Às vezes você se sente muito sozinho. A carência fala mais alto e tudo fica chatinho, sem graça.
Você aceita e assume essa condição solitária ou... compra uma bicicleta!
Se encontra no bar com os amigos. Conversa vem, conversa vai, você olha pro lado e vê a bicicleta mais bonita do mundo. Ela tem a sua cor preferida, o tamanho é perfeito e os pneus então... É, parece que, mesmo que você a tivesse desenhado, não sairia melhor do que já é. Talvez tenha que mudar um detalhe aqui, outro ali, trocar o pedal...
Bom, como tudo na vida tem seu preço, essa bicicleta também tem o seu. Na maioria das vezes, você paga mais do que tem, mais do que poderá ter um dia. Você nem se importa em saber o quanto ela realmente vale. Você quer, quer e pronto.
Ah, sim! Você deve saber antes se a bicicleta está disponível ou se já tem dono - se você se importar com isso, né? A maioria caga e anda.
Bicicleta disponível, negócio fechado!
Sem mais tristezas.
Anda com a bicicleta pra todos os lados, mostra pra todos seus amigos, não desgruda da bicicleta. Se sente mais completo do que nunca e já não se vê mais sem ela.
Você então a leva pra casa. Seus pais veem a bicicleta e reclamam porque, na maioria da vezes, não é o tipo que eles gostam - às vezes moderna demais, outras vezes a cor ou o modelo desagradam.
Com jeitinho, você vai convencendo seus pais de que foi, sem dúvida, a melhor aquisição pra vida. Seus pais até chegam a gostar dela.
Em poucos meses - vezes pelo uso, o desgaste diário ou mesmo falhas que já vieram de fabricação -, a bicicleta começa a apresentar uma série de complicações: pedala em falso, os freios não funcionam nas horas em que você mais precisa, a corrente enrosca. Feito. Você passa a se perguntar se não deveria ter optado por outros modelos, começa a se lembrar da bicicleta do seu amigo que funciona muito bem há anos e custou bem menos do que a sua e enfim, aquele arrependimento todo que começa a surgir escondido entre o atraso de quinze minutos e a camiseta lilás com detalhes em verde.
Você pára pra pensar, retoma a calma e, infelizmente, se lembra do começo. Tudo era lindo e melhor do que o imaginado - essa é a pior bosta que você pode fazer, afinal, o que passou, passado permanece sendo.
Fica com a bicicleta sujeito a sofrer qualquer tipo de acidente.
Você paga pra ver? É CLARO QUE PAGA! Na verdade, você já pagou pra ver desde a bendita hora em que adquiriu a bicicleta. Agora ela tá lá, ocupando espaço em casa, te dando um puta prejuízo dos gastos com adaptações e trocas.
Você por fim decide se desapegar e volta a sair sozinho. Às vezes, faz até propaganda da bicicleta para os seus amigos, como se o ato de passar o problema adiante fosse louvável -, mas difícilmente um deles vai te falar se houver interesse.
Você dá mais umas voltinhas com ela, mata a saudade mas sabe que, no primeiro defeito que aparecer, você vai se lembrar de todos os problemas anteriores.
Tira ela da sua casa e da sua vida. Vai sentir falta até, mas nada insuportável, nem de longe. E então, às vezes você se sente muito sozinho, a carência fala mais alto e tudo fica chatinho, sem graça.
Você aceita e assume essa condição solitária ou... compra uma bicicleta!
Aqui estou eu, doida para comprar outra bicicleta, outra vez...

Um comentário:

  1. Boa sorte com a nova bicicleta! he he he!
    Espero mesmo que tenha uma novinha e desfile com ela, mostre pra todos os amigos e seja muuuito feliz! :**

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